A construção da Saúde do Trabalhador e a necessária articulação interinstitucional:
da medicina do trabalho à almejada participação social
DOI:
https://doi.org/10.33239/rtdh.v1i1.19Resumo
O processo histórico de maturação do tratamento destinado à saúde e segurança do trabalho (SST) demonstra evolução, pelo menos no âmbito conceitual, em direção ao empoderamento do trabalhador. No Brasil, a Saúde do Trabalhador (ST) surgiu como crítica à visão unicausal entre doença e agente específico vigente na Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional, passando a situar a saúde como direito fundamental e o adoecimento no trabalho como assunto complexo. Na nova estrutura institucional e normativa, os trabalhadores passaram a sujeitos depositários de saber emanado da experiência e agentes essenciais de ações transformadoras. Contudo, há diversos desafios para efetivar tais promessas, dentre elas: a legislação delega para a gestão privada pontos centrais da proteção da ST e da prevenção de acidentes; a dispersão da responsabilidade pela proteção da SST por um excessivo número de órgãos estatais e a falta de unidade na atuação dos mesmos; a criação de aplicativos e sites para facilitar e estimular a denúncia, pelos próprios trabalhadores, de exploração de direitos a ambientes de trabalho inseguros, é bem vinda, mas insuficiente, pois fará pouca diferença se não houver estrutura fiscal para cuidar da demanda. A melhoria do controle social deve passar pela intensificação do protagonismo dos sindicatos e pela atuação coordenada e colaborativa dos órgãos estatais responsáveis pela proteção da SST. Urgente pensar caminhos para que a participação ativa do trabalhador na SST, a ação sobre os determinantes dos acidentes e a priorização de medidas preventivas passem a fazer parte da realidade da ST no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde do Trabalhador. Saúde e Segurança do Trabalho. Saúde Pública. Legislação. Política Pública.
Downloads
Referências
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Fundacentro. Estratégia Nacional para Redução dos Acidentes do Trabalho 2015- 2016. Brasília, 2015. Available at: <http://acesso.mte.gov.br/data/files/FF8080814D5270F0014D71FF7438278E/Estrat%C3%A9gia%20Nacional%20de%20Redu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Acidentes%20do%20Trabalho%202015-2016.pdf>. Accessed on: 20 Mar. 2018.
BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti. Reflexões sobre as normas da OIT e o modelo brasileiro de proteção à saúde e à integridade física do trabalhador. Revista LTr, São Paulo, v. 76, n. 11, p. 1355-1364, nov. 2012. Available at: <https://goo.gl/sRTHNn>. Accessed on: 06 Apr. 2018.
CHIAVEGATTO, Claudia Vasques; ALGRANTI, Eduardo. Políticas públicas de saúde do trabalhador no Brasil: oportunidades e desafios. Rev. Bras. Saúde Ocup, São Paulo, v. 38, n. 127, p. 25-27, 2013.
COSTA, Danilo et al. Saúde do Trabalhador no SUS: desafios para uma política pública. Rev. Bras. Saúde Ocup., São Paulo, v. 38, n. 127, p. 11-30, 2013.
DIAS, Elizabeth Costa; HOEFEL, Maria da Graça. O desafio de implementar as ações de Saúde do Trabalhador no SUS: a estratégia da RENAST. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.10, n.4, p.817-828, 2005.
INOUE, Karina Sami Yamamoto; VILELA, Rodrigo Andrade Gouveia. O poder de agir dos Técnicos de Segurança do Trabalho: conflitos e limitações. Rev. Bras. Saúde Ocup, São Paulo, v.39, n.130, p.136-149, dez 2014. Available at: <http://www.scielo.br/pdf/rbso/v39n130/0303-7657-rbso-39-130-136.pdf>. Accessed on: 20 Jan. 2018.
JACKSON FILHO, José Marçal et al. Sobre a aceitabilidade social dos acidentes do trabalho e o inaceitável conceito de ato inseguro. Rev. Bras. Saúde Ocup, São Paulo, v.38, n.127, p.6-8, 2013. Available at: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572013000100001>. Accessed on: 24 Mar. 2018.
LACAZ, Francisco Antonio de Castro. Saúde do trabalhador: um estudo sobre as formações discursivas da academia, dos serviços e do movimento sindical. 1996. 456f. Thesis (PhD in Medicine) - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996.
LACAZ, Francisco Antonio de Castro. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos e práticas sobre as relações trabalho-saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.4, p.757-766, 2007. Available at: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n4/02.pdf>. Accessed on: 29 Nov. 2017.
LACAZ, Francisco Antonio de Castro. Política Nacional de Saúde do Trabalhador: desafios e dificuldades. In: LOURENÇO, Edvânia et al. (orgs). O avesso do trabalho II: trabalho, precarização e saúde do trabalhador. São Paulo: Expressão Popular, 2010. p. 199-230.
LACAZ, Francisco Antonio de Castro. Vigilância em saúde do trabalhador como elemento constitutivo da saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde: aspectos históricos e conceituais. In: CORRÊA, Maria Juliana Moura; PINHEIRO, Tarcísio M. Magalhães; MERLO, Álvaro R. Crespo (orgs). Vigilância em Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde: teorias e práticas. Belo Horizonte: Coopmed, 2013. p. 35-60.
MAENO, Maria. Perícia ou imperícia: laudos da justiça do trabalho sobre LER/DORT. 2018. 400f. Thesis (PhD in Public Health) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
MENDES, René; DIAS, Elizabeth Costa. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.25, n.5, p.341-349, 1991.
MINAYO-GOMEZ, Carlos. Produção de conhecimentos e intersetorialidade em prol das condições de vida e de saúde dos trabalhadores do setor sucroalcoleiro. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n.8, p.3363-3368, 2011.
MINAYO-GOMEZ, Carlos. Avanços e entraves na implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador. Rev. Bras. Saúde Ocup., São Paulo, v.38, n.127, p.21-25, 2013.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Lançada a versão do MPT Pardal para Iphone, 2016. Available at: <https://goo.gl/k7B4r6>. Accessed on: 26 Jun. 2018.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Proteção dos trabalhadores num mundo do trabalho em transformação. Geneva, 2015. Available at: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/relatorio104_vi_pt.pdf>. Accessed on: 01 May 2018.
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador, 5ª ed. São Paulo: LTr, 2010.
SATO, Leny; LACAZ, Francisco Antonio de Castro; BERNARDO, Márcia Hespanhol. Psicologia e saúde do trabalhador: práticas e investigações na Saúde Pública de São Paulo. Estud. Psicol., Natal, v.11, v.3, p.281-288, 2006. Available at: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2006000300005&lng=en&nrm=iso>. Accessed on: 01 Jun. 2018.
SILVA, Homero Batista Matheus da. Curso de direito do trabalho aplicado: Segurança e Medicina do Trabalho, v.3. Rio de Janeiro: Campus, 2015.
VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel. Entre a Saúde Ocupacional e a Saúde do Trabalhador: as coisas nos seus lugares. In: VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel; OLIVEIRA, Maria Helena Barros de. Saúde, Trabalho e Direito: uma trajetória crítica e a crítica de uma trajetória. Rio de Janeiro: Educam, 2011. p. 401-422.
VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel. Vigilância em Saúde do Trabalhador: decálogo para uma tomada de posição. Rev. Bras. Saúde Ocup. São Paulo, v.43, supl1, 2018. Available at: <http://www.scielo.br/pdf/rbso/v43s1/2317-6369-rbso-43-s01-e1s.pdf>. Accessed on em: 12 Oct. 2018.
VILELA, Rodolfo Andrade de Gouveia. Desafios da Vigilância e da Prevenção de Acidentes do Trabalho. São Paulo: LTr, 2003.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Sandra Regina Cavalcante, Rodolfo Andrade de Gouveia Vilela, Alessandro José Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Como Citar
- Resumo 2045
- PDF 1007
- PDF (English) (Inglês) 148